Pequeno manual antirracista

É uma postura ética: questionar as próprias ações em vez de utilizar a pessoa amada como escudo. A escuta, portanto, é fundamental.

Fala-se muito em empatia, em colocar-se no lugar do outro, mas empatia é uma construção intelectual, ética e política.

Por isso, precisamos conhecer a produção de mulheres negras de fora das grandes metrópoles—como Nilma Bentes, Zélia Amador e Marcela Bonfim—e ampliar as nossas visões de mundo.

O privilégio social resulta no privilégio epistêmico, que deve ser confrontado para que a história não seja contada apenas pelo ponto de vista do poder. É danoso que, numa sociedade, as pessoas não conheçam a história dos povos que a construíram.

o epistemicídio, isto é, o apagamento sistemático de produções e saberes produzidos por grupos oprimidos.

É impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista. É algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre.

Trata-se de refutar a ideia de um sujeito universal—a branquitude também é um traço identitário, porém marcado por privilégios construídos a partir da opressão de outros grupos. Devemos lembrar que este não é um debate individual, mas estrutural: a posição social do privilégio vem marcada pela violência, mesmo que determinado sujeito não seja deliberadamente violento.

É importante ter em mente que para pensar soluções para uma realidade, devemos tirá-la da invisibilidade. Portanto, frases como “eu não vejo cor” não ajudam. O problema não é a cor, mas seu uso como justificativa para segregar e oprimir. Vejam cores, somos diversos e não há nada de errado nisso—se vivemos relações raciais, é preciso falar sobre negritude e também sobre branquitude.

Portanto, nunca entre numa discussão sobre racismo dizendo “mas eu não sou racista”. O que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural.

O racismo é, portanto, um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato da vontade de um indivíduo.